Na sala de aula, 28/09/2018


Esse foi o dia mais chato que aconteceu desde que iniciamos o projeto. Parecia tudo estar pendendo para desentendimento. Calor intenso, mal entendido, barulho na sala e alguns outros detalhes, tudo isso colaborava para ser um dia desagradável e chato. Nem sei se devia relatar esses detalhes aqui, mas se estamos num processo de observação das aulas, creio que vale a pena descrever isso aqui. Embora muitas coisas deixei em off.
A equipe de ‘’pibdiano” do 9° ano D deu ao professor Ricardo garrafinhas de suco para ele distribuir para a turma do 9º ano C, e foi suficiente para cada aluno que estava na sala e até sobrou uma garrafa para nossa equipe. Aliás, caiu como uma luva porque o dia estava muito quente.
O professor Ricardo deu um texto de uma notícia sobre bulling, e cada parágrafo era lido por um aluno que desejasse ler. Durante as leituras pude observar como os alunos leem, alguns com dificuldades, outros, não.  Nesse texto havia algumas questões para os alunos responderem. Assim, começou a discussão acerca do que foi lido. O bulling, tema em questão fez com que os alunos interagissem na aula, acredito que por ser um tema bastante atual eles se sentiam confortáveis para discutir. A empolgação era tanta que o barulho aumentava a cada questão que o professor lia. Quase não dava para ouvir quem falava; um entrava na reflexão do outro ao mesmo tempo e gerou-se uma aula bagunçada no meu entender, embora, eles estivessem participando.
Diante perguntas que o texto trazia, pude observar a dificuldade que muitos alunos têm com a interpretação de texto. Isso comprova o que eles informaram no primeiro dia de aula quando questionamos sobre suas dificuldades, onde interpretação de texto foi umas das principais. Realmente eles têm dificuldades nesse conteúdo. Mas também graças a esse texto, não observei apenas que eles não eram muito bons em interpretação; notei que eles, mesmo com dificuldades, interagem e refletem sobre o que o professor os propõe. Isso é muito positivo. Trazer o aluno a refletir sobre o meio social, discutir o contexto dentro da realidade de cada um deles faz parte do letramento.
Pensando nisso, destaco aqui uma das alunas das quais mais interagem na sala, a Mirele. Essa menina não tem medo de suas respostas estarem erradas quando o professor pergunta e mesmo que a resposta dela fosse a que a questão pedia, ela falava do mesmo jeito. Estou ressaltando isso porque muitas vezes a presença de pessoas diferentes intimidam o aluno, deixa acanhado, etc. No nosso caso, por exemplos, que eles sabem que estamos na graduação, um nível de conhecimento “superior” ao deles, pode fazer com eles não queiram falar por medo do julgamento que poderíamos fazer. Uma constatação clara com relação a isso foi que, também no primeiro dia, um aluno disse o seguinte quando comecei a me apresentar: “Ah, mas com certeza vocês sabem muito mais que a gente”, isso no momento em que eu disse que estaríamos ali para aprender com eles também. O fato de estarmos numa graduação e eles no ensino básico não significa que não possam nos ensinar outras coisas que a graduação na faz. São trocas de experiências, é a tal da “vice e versa”. Por isso fiz questão de destacar esse ponto, aqui. Percebo, a particularidade de cada um dos estudantes daquela sala e é diante dessas circunstâncias que percebo uma deficiência nas salas de aula e falta de incentivo das escolas e professores para que esses alunos mostrem o que têm de melhor e que, no momento do erro, uma reflexão os leve ao acerto.
Ainda enquanto o texto estava sendo discutido a sirene alertou para a hora do intervalo. Na volta, o professor Ricardo continuou com o texto jornalístico onde ele falou sobre trabalho que os discentes irão apresentar. E para concluir a aula o professor leu um trecho do poeta Bráulio Bessa para, segundo ele, motivar os alunos. O texto é incrível! Espero que a intenção tenha dado certo.

É isso!
Abraço beeeeem apertado!

Ah, ia esquecendo... O nome do texto Bráulio é "Medo". Leiam, é realmente motivador. 



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